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#95 - Bianca Lebron e o "tio" Misterioso | DESAPARECIDOS

Foto do escritor: Rodolfo BrennerRodolfo Brenner

Uma menina sai da escola dizendo que vai se encontrar com o seu tio e nunca mais é vista. Com o passar do tempo, a polícia descobre uma história doentia e um homem que teria tudo para ser o suspeito perfeito.


Essa é a versão escrita do episódio #95 - Bianca Lebron e o "tio" Misterioso.



Bianca Elaine Lebron nasceu no dia 26/06/1991 em Bridgeport, a maior cidade no estado de Connecticut. Ela era filha de Carmelita Torres e Wilroberto LeBron, sendo a 3ª de 4 filhos do casal. Não fica claro quando, mas seus pais acabaram se separando em um divórcio amigável, onde ambos eram presentes na vida das crianças. Posteriormente, Carmelita se casou novamente com um homem chamado Angelo Garcia, com quem Bianca tinha uma ótima relação. Bianca foi descrita como uma menina muito gentil e inteligente, que adorava conversar e fazia amigos com grande facilidade. Ela gostava muito de ir para a escola e também de passear no shopping, além de cantar e dançar, principalmente com uma das suas tias, que era dançarina profissional.

No dia 07/11/2001, Bianca chegou animada na Elias Howe School, onde ela estudava, contando que sairia mais cedo para se encontrar com seu tio e ir ao shopping. Ela inclusive chegou a estender o convite para seus amigos, mas ninguém aceitou. Às 8:30, Bianca avisou sua professora que ela iria embora com esse tio, e ela foi prontamente liberada. Bianca geralmente ia e voltava da escola na companhia dos irmãos e de alguns primos, mas isso não era algo fixo, ou seja, às vezes ela ia com alguns, outras vezes com outros, então nenhuma dessas crianças acabou dando por falta dela.

Naquele dia, Carmelita voltou do trabalho por volta das 16:30 e perguntou pela filha, mas ninguém sabia onde ela estava. Nas fontes é dito que era normal que Bianca fosse até a casa dos vizinhos para brincar, e como a própria escola não havia informado para alguém que ela tinha saído ainda pela manhã, a família estava preocupada, mas achou que ela logo iria aparecer. Conforme o tempo continuava passando, Carmelita começou a ligar para todos os conhecidos atrás da Bianca, mas ninguém sabia onde ela estava. Foi só depois das 20h, quase 12h depois que alguém viu ela pela última vez, que a família ligou para a polícia.


Elias Howe School


A polícia começou a investigação pela escola, e foi só nesse momento que a família Lebron foi informada que Bianca não tinha frequentado as aulas naquele dia, mas sim ido embora com seu tio. Acontece que Bianca não tinha nenhum tio: seu pai era filho único, assim como seu padrasto, e a única irmã que Carmelita tinha era solteira. Testemunhas viram ela entrar em uma van marrom de duas cores, com algumas batidas e com as janelas escuras.

Segundo essas mesmas testemunhas, o motorista, que esperou por Bianca fora do carro, era um homem hispânico, 1,80 de altura, com cabelo crespo preto, olhos castanhos, barba e que deveria ter no máximo 30 anos. Além disso, ele tinha algumas cicatrizes por todo o rosto. Ele usava uma camisa azul da Gap, jeans com uma estampa do personagem “Fat Albert” no bolso direito e botas marrom da Timberland. A partir desses relatos, foi feito um retrato falado que foi altamente distribuído. Ninguém da família reconheceu esse indivíduo e nem a van presente no local. A última vez que foi vista, Bianca estava usando uma camiseta camuflada verde, bege e marrom, calça bege, botas pretas e jaqueta jeans azul escuro. Bianca tinha cabelo e os olhos castanhos, 1,50m de altura e descendência hispânica.


Retrato falado do suspeito


A próxima pista só veio um mês depois do desaparecimento, quando a polícia foi informada por telefone que Bianca poderia estar em Pittsburgh, Pensilvânia. A polícia de Bridgeport entrou em contato com a polícia de Pittsburgh, que iniciou uma busca por ela na cidade, mas não conseguiu confirmar o relato. Enquanto isso, a família de Bianca continuava procurando desesperadamente pela menina: Carmelita passava a maior parte do seu tempo acordada, distribuindo cartazes e buscando informações sobre a filha.

A família Lebron processou o departamento de educação de Connecticut, uma vez que, ao deixar Bianca sair, houve quebra de um procedimento de extrema importância: crianças só podem sair da escola na companhia de pessoas previamente autorizadas pela família. Isso é importante porque, caso alguém sem autorização tende levar a criança do local, os responsáveis são imediatamente contatados. Por conta dessa quebra de protocolo, a professora de Bianca foi suspensa e teve que responder legalmente pela omissão. A superintendente da escola de Bianca disse em entrevista: "nós estamos devastados e horrorizados que isso aconteceu sob a nossa supervisão".

Para seguir com o processo, Carmelita precisou declarar que Bianca estava legalmente morta, e isso foi concedido por um juiz em abril de 2002, cinco meses depois do desaparecimento.- Isso acabou gerando uma má impressão com a opinião pública, uma vez que muitas pessoas achavam que era “muito cedo” para declarar Bianca legalmente morta. Até o responsável pelo caso, o sargento Ortiz, foi consultado sobre isso e ele declarou que era algo “estranho, mas não suspeito”.


Carmelita Torres


Ainda em 2002, o caso de Bianca foi mostrado no programa “America’s Most Wanted”, o que chamou a atenção de todo o país. Meses depois, a polícia divulgou que havia uma pessoa de interesse no caso: um homem de 20 anos chamado Jason Lara. Segundo o que foi reportado na época, Jason era filho de uma mulher que estaria em um relacionamento com o tio avô da Bianca, e vez ou outra frequentava a casa da família. Agora é que vem a parte bizarra, suspeita e principalmente criminosa: amigos de Bianca disseram que ela confessou que era apaixonada por um homem mais velho chamado Jason, e que ele seria seu “namorado secreto”. Se ainda não está problemático o suficiente, algumas fontes relatam que os dois inclusive já tinham sido pegos se beijando.

Quando foram questionados sobre Jason, a família de Bianca confirmou que eles se conheciam e que, vez ou outra, a garota ia até a casa dele para brincar, mas que nunca desconfiaram de qualquer coisa errada em relação aos dois.- E as suspeitas não paravam por aí: segundo relatos, um amigo de Jason tinha uma van que se encaixava perfeitamente na descrição do veículo em que Bianca tinha sido vista entrando. A polícia tentou localizar Jason, mas descobriu que ele tinha deixado Bridgeport, um mês após o desaparecimento de Bianca. Ao cruzar informações nos bancos de dados, a polícia descobriu que Jason tinha um histórico criminal: ele havia sido condenado a 7 anos de prisão por roubo de carro em 1998, mas foi liberado em condicional por bom comportamento. Entretanto, o que mais chamou a atenção é que, nessa época, Jason estava usando outro sobrenome, Gonzalez.

Em uma tentativa de localizar Jason, a polícia emitiu um mandado de prisão por fraude, informando que ele também era uma pessoa de interesse no caso da Bianca Lebron. Para a surpresa da polícia, o próprio Jason entrou em contato alegando que desconhecia o paradeiro da garota. A polícia de Bridgeport conseguiu rastrear a ligação até Fort Myers, na Flórida, e Jason foi preso. Jason negou saber qualquer coisa sobre o caso de Bianca, e por não ter evidências suficientes para mantê-lo preso, ele acabou sendo liberado. Posteriormente ele deu uma entrevista dizendo “Eu não tenho nada a ver com o desaparecimento dela, eu não sei onde ela está”.


Única foto conhecida de Jason Lara


Em março de 2008, foi selado um acordo entre a família Lebron e a cidade de Bridgeport, com uma compensação de US$ 750.000. Em agosto de 2009, a polícia recebeu uma pista de que o corpo de uma menina estaria enterrado no Seaside Park, e baseado nos desaparecimentos locais, poderia ser a Bianca. Foram feitas escavações, mas nada foi encontrado. Uma nova pista só apareceu esse ano, quando um predador sexual chamado Luis Rivera foi extraditado de Porto Rico para ser julgado pelo abuso de três crianças em 1997. Carmelita, a mãe de Bianca, foi pessoalmente ao tribunal questionar se ele tinha algo a ver com o desaparecimento da sua filha, mas a própria polícia disse que não havia conexões sólidas entre os casos. Carmelita segue engajada em procurar por informações mesmo após 23 anos do desaparecimento da sua filha. Ela chegou a comparecer em um programa chamado The Maury Show, no qual o médium Jeffrey Wands ofereceu seus dons para ajudar no caso.

Algo que sempre chamou a atenção no caso da Bianca eram as circunstâncias nas quais ela foi levada: ainda pela manhã, da escola, onde ela voluntariamente entrou no carro de alguém que não era um familiar próximo. Essas características são muito raras em sequestros infantis, já que os raptores tendem a ser desconhecidos, que pegam crianças desprevenidas em crimes de oportunidade. O fato de ter sido na escola é ainda mais atípico, uma vez que lá é um ambiente seguro com vários adultos que são treinados para identificar situações anormais, o que infelizmente não foi o caso da Bianca. Ou seja, parece que o sequestrador não calculou bem os riscos que corria ou não se importou em se esconder.

Outra coisa que chama a atenção é Bianca ter dito que sairia com o seu tio. Nunca ficou claro se ela usou esse termo de forma casual, se referindo a alguém mais velho, ou o suspeito talvez tenha pedido para ela usar isso como uma simples desculpa para sair da escola. Quanto ao suspeito, também existem coisas que estão sem explicação: em alguns locais é dito que Jason tinha um álibi para a manhã que Bianca desapareceu, mas essa informação aparentemente nunca veio a público. Além disso, em muitos locais é dito que um conhecido de Jason tinha um van que se encaixava no perfil do carro do suspeito. Não sabemos quem era esse conhecido e nem se essa van foi investigada.


Progressão de idade de Bianca Lebron


• FONTES: The Charley Project, Connecticut Post, NBC Connecticut, Trace Evidence.

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